Há muito tempo, na Idade Média, humanos e demónios enfrentaram-se para ocupar um lugar na terra.
O verdadeiro apocalipse de terror, nas ruas havia sangue e mortos.
Era como se fosse uma passadeira vermelha com cor viva e paredes sem manchas de outra cor, tudo era de vermelho puro.
Uma garota, com uma armadura pontiaguda nos seios, batalhava, no meio da destruição, contra os demónios. Ela não estava sozinha, tinha a sua fiel espada nas mãos . Fora a escolhida para acabar com o apocalipse. Antes de nascer, a sua mãe previu o futuro, era uma vidente, viu o destino fatal daquelas pessoas.
Tentou avisá-los e eles não acreditaram, riram e acharam que ela estava louca porque sabiam, aliás pensavam, que demónios não existiam.
Mesmo uns segundos antes da sua mãe dar a luz, teve a sua última visão pois morreu logo de seguida. Ela viu a sua filha Nesbitt frente a frente com o poderoso Satanás e a bani-lo do mundo dos homens.
Nesbitt foi treinada, desde pequenina, pelos monges. Ela estava bem preparada para o apocalipse.
Ela batalhou contra vários demónios poderosos, tais como Medusa, Minotauro, Cérbero, os lendários Dráculas, Gárgulas - os que voltam à vida quando chega a noite, quebrando as suas cascas de pedras (gárgulas de dia são umas estátuas). Todos eles pareciam ser infinitos, não havia forma de pará-los muito menos de os derrotar.
Pareciam se invencíveis. Sem nenhum ponto fraco. Os desesperados dos homens suavam, suavam tanto que o sangue e as sujeiras se derretiam nos seus rostos. Guerreiros bravos, prontos a defenderem aquilo que era deles, medo não lhes faltava mas a coragem falava ainda mais alto.
Cada homem estava pronto para morrer naquele lugar onde os outros morreram a combater com dignidade e orgulho.
Mais de três mil homens, formando uma barreira e filas frente a frente, entre eles, estava a guerreira Nesbitt, ela inspirava a sua confiança nas mãos da espada. Frente a frente dos grandes capangas de Satanás. Começou a pingar e as gotas de chuvas aumentaram de tamanho, as grandes chamas que rodeavam a batalha do juízo final começaram a ficar cada vez mais pequenas, começaram a perder a força. Então eles acreditaram que a força dos senhores dos céus viera ajudá-los. De um momento para o outro, cada homem que antes tremera de medo, ganhou confiança e levantou as suas espadas enquanto as gotas de água batiam nos seus rostos e escorregavam pela faces.
Começaram a andar lentamente, depois aceleraram e as almas dos mortos levantaram-se dos seus túmulos, correndo ao lado dos nobres guerreiros. Os capangas de Satanás intentaram a sua primeira defesa contra os ataques directos dos humanos.
A força que eles possuíam não era física, mas sim psicológica, a sua vontade de proteger o seu lar, a sua fé. Satanás estava no topo assistindo a tudo, a cada derrame de sangue, a cada decapitação, a cada homem morto. Ele simplesmente sorria, cinicamente, sorriso maléfico, adorava o prazer de assistir à morte dos outros. Os homens estavam exaustos, nos limites das suas forças, não aguentavam mais batalhar, por um segundo, ocorreu a todos desistirem de batalhar. Mas os seus corações não permitiram. Os espíritos dos mortos seguravam as suas mãos e controlavam o manejo das suas espadas.
Nesbit, silenciosamente, escalou até ao topo. Preparando o ritual, abriu o livro e começou a falar em latim. Satanás ouvia cada palavra, o seu sorriso maléfico ia desaparecendo porque sabia que isso não ia ser nada bom para ele. Os seus olhos expeliam ódio, ele nunca tinha sido desafiado antes.
Levantou a sua espada e correu na direcção da Nesbitt. Mas os monges que treinaram a escolhida, interferiram e fizeram logo um ritual, com uma barreira de segurança à volta dos 360º, alguma coisa não estava a correr bem para Satanás porque não conseguia infiltrar-se, não rompia a barreira.
Os monges acorreram e deram suporte ao ritual, trazendo uma pequena urna e, então, Nesbitt decifrou o livro sagrado.
Satanás foi sugado para dentro da urna que foi para sempre selada. Dráculas, Cérberos, Minotauros, Medusas e outros mais transformaram-se em pó durante o último ataque de cada homem.
As nuvens abriram-se em duas, a luz batia no rosto de cada um, os homens, ofegantes, cansados, doridos, não acreditavam que o pesadelo tinha acabado. Nesbitt foi a porta-voz naquele topo do planalto. Afirmou que todos foram para o inferno, derrotados todos, um a um, e que a memória dos seus companheiros nunca seria esquecida.
Enquanto Nesbitt falava para os guerreiros, com os monges atrás dela, deu-se um clarão espantoso. Nesbitt mostra as suas asas, os homens abrem a boca, espantados por um anjo ter lutado com eles.
Ela é chamada pelo Senhor de lá em cima, bate as suas asas, despedindo-se com um sorriso, com uma lágrima, acenando com a mão.
Então a terra fica em paz. Os guerreiros construíram uma estátua a Nesbitt, um anjo guerreiro de armadura pontiaguda nos seios.
O descendente de um dos guerreiros era um artista e fez o molde para que, pelas suas esculturas, os vindouros pudessem conhecer a heroína dos seres.
E é por isso que ainda hoje podemos apreciar "os bonecos de Nesbitt" na galeria da minha escola.